quarta-feira, 20 de outubro de 2010

projeto - proposta do ultimo modulo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
VITÓRIA - ES












DIVERSIDADE E PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
INCLUSÃO: UMA PROPOSTA SOCIAL















MARIA ÂNGELA AFONSO PEREIRA
2010
UFES, Lajinha, MG, Brasil, outubro/2010
Metodologia da pesquisa educacional







Maria Ângela Afonso Pereira – UFES –
escolhidaangela@ig.com.br
Curso de Mestrado em educação l









O tema estuda a teoria e a constituição de sujeitos imersos nas práticas educativas escolares e não escolares inclusivas, considerando diferentes concepções de aprendizado e desenvolvimento.

















SUMÁRIO
1- Introdução
2- Definição do problema
3- Objetivos
4- Hipóteses
5- Procedimento da pesquisa
6- Procedimento de análise
7- Referências bibliográficas
8- Cronograma













DIVERSIDADE E PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
Inclusão: uma proposta social
I - INTRODUÇÃO
Estamos diante de uma situação de conceito questionável, complexo, incompleto e indefinido e uma perplexa demanda que resulta na priorização de um projeto pedagógico que visa incluir todos. A inclusão escolar é para todos aqueles que se encontram à margem do sistema educacional, independentemente de idade, gênero, etnia, condição econômica ou social, condição física ou mental. Esta meta deve significar uma transformação na escola, professores, alunos, famílias, em pessoas integradas, criativas e participantes do processo de inclusão, assegurando-lhes a oportunidade de aprender uns com os outros no sistema regular de ensino. A escola deve organizar-se para atender um número cada vez maior de alunos com necessidades específicas. Sujeitos que integram a comunidade escolar são marcados por historias distintas, cujos contornos delineiam-se através de fatores de natureza biológica, social ou cultural que precisam ser considerados.
Wallon (1981, 1989) é contra a qualquer espécie de reducionismo orgânico ou social e ao dualismo corpo e alma, entendendo que a compreensão do ser humano deve ter presente que ele é organicamente social, isto é, sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar (Dantas in La Taille, 1992, p. 36). Para Wallon (1981), a emoção é o principal mediador, enquanto que, em Vygotsky (1993, 1991), o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel. Uma evolução mental qualitativa caracteriza um tipo diferenciado de comportamento além de conferir ao homem novas formas de pensamento, de interação social e de emoções que irão direcionar-se para a construção do próprio sujeito e para a construção da realidade exterior.
Ao refletir sobre as diversidades notamos que inúmeras formas de discriminação permanecem implícitas, e a diversidade humana é vista como normatização de todos. A escola é um espaço de desenvolvimento e crescimento entre todos. Não podemos unificar os métodos de ensino, nem acreditar que a aprendizagem acontece da mesma forma para todos. Ao tentar tirar do aluno o que não está de acordo com o modelo pré-estabelecido, desencorajamos expressões individuais. Cada um tem seu jeito de enfrentar o processo de transformação. Precisamos aprender a trabalhar com as diferenças e aprender implica em mudanças, transformações, desenvolvimento.
Há um processo intenso de análise e transposição do projeto político-pedagógico para as diferentes realidades escolares. A LDB traz uma referência à educação especial que é hoje, mais que uma proposta escolar, é uma proposta social. O assunto é de grande interesse e abrangência, fazendo com que todos nós nos ocupemos de sua temática. A proposta visa um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em diferentes sistemas sociais, pessoas com diferentes necessidades e as prepara para assumir lugares no sistema social mais amplo. Representa um processo bilateral onde sociedade e pessoas excluídas buscam juntas equacionar os problemas para efetivar a equiparação de oportunidades.
Palavras chave – inclusão, igualdade, cidadania.

II DEFINIÇÃO DO PROBLEMA –
As instituições sofrem influências na forma pela qual se organizam interferindo, inclusive, na direção da sociedade. A estabilidade da família é a constante preocupação da sociedade porque é uma maneira de formar bem os seus membros. Por muito tempo a família nuclear foi o modelo comum, as outras foram classificadas como exóticas, estranhas, anormais, imorais e patológicas, ate o momento em que, por vários fatores, foram levadas em conta no estudo da organização familiar. A sociedade sente o impacto das transformações familiares que teve também suas funções e volume reduzido, passando a grupos especializados o seu papel: igreja, empresas, escolas, creches... A escola foi a instituição que herdou da família esta função: guarda, alimentação e socialização. Verificando este esvaziamento da família não é de espantar que ela esteja passando por uma crise. O relativamente grande número de separações, o choque de geração e a delinqüência juvenil são expressões desta crise. Essa falta de estruturação familiar é, a meu ver, uma das maiores causas dos distúrbios causadores da exclusão.
Esta pesquisa se refere à inclusão, uma proposta calcada nos direitos iguais para todos, mas seu sucesso está condicionado a vários fatores que interferem no trabalho e abre portas para discussão sobre a necessidade de estruturação familiar, parcerias públicas e particulares de consultoria especializada, auxiliares técnicos, geração de recursos que garantam a participação e oportunidades iguais para todos.
É preciso olhar a exclusão como um sintoma, uma vez que estamos todos inseridos em um contexto mais amplo, que influenciamos e somos influenciados por ele. As dificuldades, como as soluções, fazem parte de um sistema maior, no qual, diversas áreas significativas do sujeito estão inseridas. Este processo escolar, para ser bem sucedido deve, entre outros fatores, suporte e continência familiar; ambiente propício à aprendizagem; atendimento adequado às
necessidades de cada aluno; capacitação profissional; aceitação e valorização do sujeito e de suas particularidades. Observaremos dificuldades como o preconceito dos outros alunos, pais e profissionais; dificuldade ou impedimento de socialização; pouco atendimento diferenciado, pessoas pouco habilitadas para lidar com as diferenças e/ou dificuldades, conformismo do aluno e de sua família. Compreender tudo isto condiciona e determina a participação social, passa pela luta por uma escola para todos, pela importância de educar para a pluralidade, para a convivência numa sociedade diversificada, na qual o convívio e o encontro das diferenças físicas, de visões de mundo, de cultura, de ideologia, etc., são condições para a transformação.
A implementação dessa política de inclusão escolar não pode ignorar um conjunto de fatores referentes ao funcionamento das famílias, na medida em que a inclusão, gera stress e impõe uma visão ampla sobre o tema. É um fenômeno delineado através de múltiplos contornos, que inclui o biológico, o psicológico, o social, o cultural, o histórico, o político e o ideológico, e que para sua compreensão demandam uma perspectiva complexa e em constante interação. Essa visão coloca o aluno e sua família, como co-construtores e co-responsáveis por decisões e escolhas que determinam um maior controle sobre suas próprias vidas.
O ser humano deve ser estudado na sua unidade e na sua totalidade e considerado como um ser que integra, numa mesma perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e ser social, enquanto membro da espécie humana e participante de um processo histórico
(Oliveira, 1997, p. 23).
Por todos esses motivos, é que a escola precisa ter um trabalho em parceira com as famílias, acolhendo suas dúvidas e buscando soluções conjuntas para os problemas que se apresentam. É através da aprendizagem que o sujeito é inserido de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora, sendo portanto a família (primeiro núcleo organizado) e a escola responsáveis por grande parte dessa aprendizagem. A individualização e diferenciação curricular também deve ser entendida na perspectiva do suporte social à família

III – OBJETIVOS

Tem como objetivo a análise dos processos psicossociais constitutivos do sujeito; processos de ensino e aprendizagem em ambientes presenciais e virtuais; fundamentos histórico-filosóficos; políticas da educação especial, práticas organizativas e pedagógicas e formação de profissionais que se dedicam à educação de sujeitos com necessidades educativas especiais visando contribuir para a reflexão sobre a formação do professor na atualidade, analisando o contexto atual em que está inserido, buscando, diante desta nova situação, a fonte de conhecimentos que leve o aluno a descobrir métodos adequados de ensino. A busca de novos conhecimentos e a adequação a circunstâncias de cada ser, cria uma nova idéia, fazendo com que o aprimoramento de novos métodos seja constante na formação do aluno. Sendo assim o educador fará parte das descobertas de métodos que venham ajustar o ensino a partir do conhecimento do seu próprio objeto de estudo.
O fazer pedagógico se transforma e, da condição de depositário, o aluno passa a fazer parte de um processo, que inclui novas parcerias como co- responsáveis: a família e a escola. A dificuldade se transforma em oportunidade de aprendizagem para a família, no seu processo de relacionamento interpessoal, oportunidade para os professores e para a escola refletirem sobre os resultados de uma ação educacional, repensando a prática pedagógica e criando a possibilidade de novos procedimentos.
Incluir esse aluno é um desafio, pois daí surgem questões relacionadas às famílias dessa população. Sua responsabilidade, o modo como são orientadas e auxiliadas para uma maior aceitação e compreensão do processo de inclusão social. A proposta de inclusão dos alunos e de suas famílias passa pela aceitação das diferenças individuais; a valorização de cada ser humano como único e rico à sua maneira; a aprendizagem que se constrói convivendo com a diversidade e com a mútua cooperação. Suscita constante reflexão sobre as relações ensino sistematizado/escola/sociedade, os lugares e relações sociais entre educador e alunos e aluno/aluno e investiga situações que se caracterizam como promotoras de dificuldades de aprendizagem.

IV HIPÓTESES
Pessoas que apresentam alguma diferença, não tem o poder de direcionar seus interesses. A própria família sente-se sem condições de decidir com liberdade e autonomia o futuro de seus filhos, baseando a escolha na opinião de terceiros, que podem ou não ter eco em suas próprias expectativas ou algum respaldo científico. Ter esse poder abre espaço para que as habilidades de escolha, autodeterminação e independência sejam aprendidas e desenvolvidas. Embora consideradas competentes e capazes de responder às necessidades dos seus filhos, algumas famílias são vulneráveis à experiência do stress, afetando a dinâmica e as interações sociais e educacionais. Isso se manifesta até na redução do grau de satisfação conjugal, na ruptura ou disfunção das relações pais-filhos, na qualidade das interações familiar e social, no aumento das dificuldades econômicas e num maior isolamento e diminuição da mobilidade social. Também o baixo desempenho acadêmico faz com que muitos alunos abandonem a escola aumentando a exclusão.
Com a inclusão do aluno a perspectiva que privilegia o conteúdo, começa a sofrer um esvaziamento a partir da compreensão acerca dos processos de aprendizagem. Observa-se que os pares da mesma idade ou colegas podem funcionar, com ou sem a mediação dos professores, como um suporte social (atividades na escola, vizinhança, comunidade...) ou como um suporte instrucional (aprendizagem cooperativa, modelação, imitação...), mecanismos extraordinariamente importantes no desenvolvimento de alunos excluídos.
As tendências atuais, os princípios, políticas e práticas educativas, vão claramente no sentido da promoção da escola para todos, da escola inclusiva: Estrutura educativa, de suporte social, que receba todos, que abriga alunos independente de suas condições físicas, sociais, étnicas, religiosas, lingüísticas ou outras, que aceite as diferenças, apóie a aprendizagem e promova uma educação diferenciada, respondendo às necessidades sociais e deixando de ser segregadora.
“As diferenças podem ser genéticas, orgânicas, intelectual/cognitiva, emocional, síndromes ou serem acentuadas por influências externas como diferenças culturais, instrução insuficiente ou inapropriada, sistema político ou ideológico dominante, incluindo-se aí a estrutura familiar/relacional, histórico-social. Há um entrelaçamento destes fatores que torna a situação mais complexa.” (POLITY-2001)
Com o afastamento de propostas segregacionistas e a busca por uma reforma educacional que valorize a inclusão social, estamos, cada vez mais, perto da idéia de "escola para todos", onde todos sejam bem atendidos e tenham suas necessidades respeitadas e cuidadas, onde se reconhece que o contato e o convívio entre pessoas é uma oportunidade para a construção de laços de vinculação, de relações afetivas, que podem revelar, ao longo do tempo, como um suporte emocional fundamental na construção da personalidade desses alunos.
V - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para identificar quem é o aluno a ser incluído no processo educacional, quando fazê-lo, porque, como e onde é importante analisar a experiência concreta minha e de um grupo de professores, um dado empírico. Iniciando aí podemos possibilitar um aprendizado diferenciado, onde a interação entre os participantes é suportada por um público alvo imenso e mal definido.
Os professores do Ensino Médio da Escola Estadual “Dr. Adalmário José dos Santos” estiveram, direta ou indiretamente, envolvidos com projetos de pesquisa, no ano em curso(2006). Foram desenvolvidas pesquisas promovidas pelo Serviço de Coordenação Pedagógica (composto por mim e outra pedagoga). O projeto foi financiado por nós e contamos com apoio de instituições como a Guarda- Mirim (projeto de inclusão da Policia Militar de Lajinha-MG), Casa do Menor (projeto assistencialista da Igreja católica), APAE, Conselho Tutelar, promotoria pública e órgãos de pesquisa como IBgE e CEDINE.
Ainda se encontra mal definido o desenvolvimento conceitual de exclusão, deficiência, educação Especial. Na pesquisa são contempladas análises conceituais, históricas, legais e metodológicas. Também políticas pública educacionais e concepções subjacentes não analisados. Como pesquisa mais sedimentadas estão as estratégias, métodos, currículo, avaliação, buscando paralelamente avanços através de uma retrospectiva histórica da inclusão, suas dificuldades com as deficiências e diferenças mostrando também seu fortalecimento e expansão, projetos e políticas desenvolvidas. Estabelece a importância da formação do professor, treinamento e capacitação docente e sua postura ética.
A pesquisa traz subsídios para tentar conceituar melhor a inclusão, suas ideologias, relações estabelecidas, correntes teóricas, o sujeito excluído e sua integração, dificuldades, processos, estigmas e adaptação ao ambiente. Busca também contextualizar a experiência, analisando dados estatísticos obtidos, resultados de pesquisa e finalmente, busca reinterpretar essa experiência e os seus resultados à luz da realidade atual e os desafios a enfrentar.
Cabe ainda destacar a diversidade das múltiplas diferenças e das praticas educacionais exclusivas que esse trabalho discute: poder econômico, social, cultural, tecnológico, político e religioso. Essa diferenciação é significativa, pois não se trata de treinar os professores para a introdução de uma nova proposta metodológica baseada na experimentação, mas sim de uma construção coletiva de conhecimento. Por se tratar de uma construção de conhecimento por parte dos professores, alunos, pais, autoridades, cidadãos comuns, que é possível falar na perspectiva de uma inclusão educacional transformadora. É assim que deve ser interpretada a inclusão, na medida em que participa na constituição de uma nova perspectiva social de todos.
O estudo realizado é então um ensaio de muitos temas que precisam ser refletidos,
reorganizados e delimitados no ambiente escolar, social, familiar, político e religioso a fim de que a inclusão escolar se torne uma aprendizagem efetiva de relacionamento humano. Problemas ligados à aprendizagem sempre irão ocorrer, porém, é preciso preparar melhor o educador e a própria sociedade para amenizar ou resolvê-los os problemas. Certamente serão nestas diferenças e possíveis divergências que ocorrem, que tornam o processo mais significativo, e essa é sua razão de ser.
VI - PROCEDIMENTO DA ANÁLISE
1- EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Para falar de educação inclusiva, temos de abordar, antes, a questão da inclusão social, ou seja, o processo de tornar participantes do ambiente social total: a sociedade humana vista como um todo, incluindo todos os aspectos e dimensões da vida - o econômico, o cultural, o político, o religioso e todos os demais, além do ambiental, todos aqueles que se encontram, por razões de qualquer ordem, excluídos.
Exclusão e inclusão social são conceitos dialéticos, simétricos e uma das grandes preocupações da sociedade atual. Como excluídos, podemos considerar todos que estão fora do processo social e produtivo, do acesso a bens culturais, saúde, educação, lazer e outros componentes da cidadania.
Deve-se falar em inclusão ciente que ela não se limita a uma demagogia. A questão da inclusão remete a um amplo questionamento que precisa ser considerado, analisado, definido e fazer parte de um consenso. Implícita e explicitamente, apresenta-se a necessidade do uso de uma denominação genérica. O próprio uso da terminologia “deficiente”, pela multiplicidade de utilizações e interpretações, é questionável para dirigir-se a indivíduos surdos, cegos, etc. Mas, qual a terminologia mais adequada? Qual a menos carregada de preconceitos pelas partes envolvidas? Quanto à inclusão? Quem, como, onde e para que incluir?
A expressão "portador de deficiência" desvia a pessoa de uma norma, mas quem decide o que é normal? São as pessoas de 20, 40 ou 70 anos? Ou mulheres grávidas? Viúvas? "Deficiente" é um termo absoluto e global. O que é "humano" para a condição humana? Precisamos de palavras que descrevam nossas limitações em atividades particulares e que apontem a possibilidade de compensa- las. Não importa o termo que usemos, o fato é que devemos revesti-lo de conteúdo positivo. Precisamos ter orgulho de incluir uma minoria sem privilégios, num esforço global crescente, no sentido de melhorar a sociedade.
Projetos que apresentem características onde o processo educativo é entendido como um processo social, onde todos tem direito ao acesso e permanência num ensino de qualidade, são privilegiados. Numa escola inclusiva há grandes expectativas de desempenho por parte de todas as pessoas envolvidas no processo ensino – aprendizagem: família, escola e comunidade. O objetivo é a integração das relações sociais entre todos os participantes da escola, que forma uma rede de ajuda, mudando papéis e responsabilidades, fazendo com que estudantes atinjam o seu potencial máximo.
O processo deve se dar de acordo com às necessidades de cada aluno. A escola inclusiva muda os papéis tradicionais dos professores e da equipe técnica. Os professores tornam-se mais próximos dos alunos, na captação das suas maiores dificuldades e gradativamente a escola vai criando um suporte para superação das suas maiores dificuldades.
“A escola inclusiva deve estar integrada à comunidade,com a parceria dos pais, ter ambientes educacionais flexíveis, estratégias baseadas em pesquisas, discussões com a equipe técnica, alunos, pais e professores. Os critérios de avaliação são revistos para atender às necessidades dos alunos portadores de deficiência. O aprofundamento do desenvolvimento profissional da equipe técnica é contínuo. Até o acesso físico da escola deve ser facilitado a portadores de deficiência.” (SILVA- 2002)
Na inclusão os alunos aprendem juntos, embora tendo objetivos e processos diferentes, levando o professor a estabelecer formas criativas de atuação, mas não se pode esperar que os professores de classe regular ensinem às alunos portadores de necessidades especiais sem um suporte técnico. A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto. Trabalhar para uma sociedade inclusiva, porém é um projeto a longo prazo, para muitas gerações, mas devemos começar esse trabalho hoje!
2- PRÁTICAS EDUCATIVAS
O processo de individualização e diferenciação curricular, entendido em termos de uma escola inclusiva, não pode ignorar que o stress familiar é um fator que leva significativamente o aluno a incluir - se na exclusão. A escola não pode esquivar-se da realidade que se impõe. Trata-se de mudar a escola, de transformá-la, capacitando-a para a integração. Trata-se de capacitá-la para a criação de situações pedagógicas que assentem no reconhecimento de que cada aluno tem o direito de ser pedagogicamente olhado de forma diferenciada, o que pressupõe a adoção, de forma clara e inequívoca, de uma estratégia de integração e inclusão escolar. É preciso ajustar às expectativas e necessidades das famílias e dos alunos. Sem esta capacidade de mudança, a escola, que se pretende inclusiva, acaba por ser fator de segregação e este é um dos grandes desafios que se coloca ao atual sistema.
“Os novos tempos trouxeram novos dados sobre a aprendizagem e hoje quando se fala em educação acadêmica, não podemos mais nos limitar a exigir que o aluno aprenda a matéria, sem levar em conta as questões afetivas e relacionais. Aqui engloba todas as questões de ordem emocional e social que interferem nesse processo, e que introduzem parâmetros de relacionamento, ética, sistema de valor, que permitem que o sujeito da aprendizagem lide com seus impulsos, suas competências e suas dificuldades, da maneira mais sadia possível.” (SLUZKI-1997)
3- A INTERAÇÃO SOCIAL
Para um verdadeiro trabalho integrado, é preciso refletir qual a queixa, trazida pelo aluno e por sua família? Como se dá sua inclusão? Qual a história de vida do sujeito? Da família? Qual a experiência na escola? Como os sistemas envolvidos reagem às necessidades e frustrações? As respostas envolvem a interação entre os diversos grupos sociais existentes e o estudo dessas interações. Não é um fenômeno social nem se estrutura em uma complexa realidade social da vida particular do indivíduo e do ambiente físico de cada um. A idéia é permitir um campo de reflexão sobre a intrincada série de relações inter e intrapessoais existentes numa escola que se propõe inclusiva.
A inserção escolar promove o crescimento e o bem estar de toda população excluída. Não é só o deficiente visual, auditivo, físico, mental que precisa ser incluído, temos os excluídos sociais, caracterizados como "diferentes", o que nos permite observar o desenvolvimento de uma identidade grupal, um sentimento de pertencimento e ao mesmo tempo a possibilidade de diferenciação e crescimento. Isso demanda uma disponibilidade para adotar novos paradigmas educacionais, que nos coloca como responsáveis pelo caminho que tomamos na formação do apoio. Envolve também preocupações como medo de perder o atendimento individualizado e visto como diferenciado; não expor o aluno ao julgamento dos outros; dificuldade de encontrar um lugar adequado; falta de informação e/ou conhecimento; conformismo com o pouco desenvolvimento e com sua incapacidade, que o impede de buscar ajuda. Assim, perpetua-se a exclusão.
4 - PRÁTICA PROFISSIONAL E ÉTICA
Ao professor, é preciso oferecer uma sustentação para que exerça seu mandato de forma satisfatória, que liga, articula, organiza, valoriza e atribui significação à sua prática educacional, mas todos os envolvidos na inclusão são responsáveis e tem muito a contribuir. Ninguém é excluído do trabalho. O sucesso da inclusão está condicionado à dependência da atuação de professores, pais e pessoas que estejam aptos a dar continência às necessidades específicas de cada um, o que nem sempre é possível, mas abre portas para discussão sobre a necessidade de gerar recursos que garantam a participação coletiva.
A escola pública, é tradicionalmente reconhecida como a escola dos excluídos e seus professores não estão preparados para esse empreendimento. É preciso oferecer sua formação, começando com a informação e a conscientização dos mesmos. O que não se pode é preparar professores e só depois proceder a iniciativas de inclusão escolar. O professor, como agente de mudança, deve ter em mente, sempre, a responsabilidade social que o cargo lhe confere e participar decisivamente do esforço de inclusão, apesar de nem sempre receber, como profissional, reconhecimento merecido de sua importância na formação educativa da população.
5- A INTERAÇÃO FAMILIAR, SOCIAL E EDUCACIONAL.
O contexto escolar produz e reproduz as diferenças sociais, seja intencionalmente ou por falta de compreensão das relações entre a escola e a sociedade. O processo de produção das diferenças, enquanto desigualdades no contexto escolar, se expressa na produção do fracasso escolar, através de profecias e/ou estigmatização ou exclusão das diferenças (Rosenthal, 1988).
A grande maioria dos que ingressam na escola pública ainda não se apropriou de determinados signos utilizados nesse espaço (Freitas, 1996). Esta realidade normalmente é entendida pelos professores como uma incompetência individual. Os profissionais da educação precisam ampliar sua compreensão de tal fato, pois a apropriação desses signos é determinada pelas interações sociais que já foram propiciadas ao aluno. A escola deve proporcionar interações diferenciadas para alunos em diferentes níveis de desenvolvimento, objetivando que todas tenham acesso aos elementos fundamentais para o desenvolvimento.
Os pais, incluídos no processo, deixam de ser espectadores e passam a ser parceiros nas busca de soluções. Delimitar funções, responsabilidades, trabalhar com a ansiedade e com a aceitação, contar com o apoio de um sistema mais amplo e sobretudo, ter a quem recorrer, são algumas possibilidades do trabalho dar certo na escola. Quando o meio social e a família são bem estruturados, oferecem melhores condições para resolver os problemas existentes. Todos ganham, por isso existe a necessidade de um projeto que estabeleça um vínculo entre educação e humanização que dê especial atenção ao funcionamento familiar e às suas necessidades.
“É comum o grupo de inserção criar dificuldades para esses alunos, colocando-os em desvantagem, em virtude de ambientes restritivos, discriminações discutíveis e relativos padrões de normalidade, desinformação sobre as demandas especiais e os direitos de seus portadores. Embora bem intencionado, este modelo pode acarretar sofrimento para o aluno, que se vê excluído e tende a abandonar suas reais possibilidades de aprendizagem; e sua família, pensando estar oferecendo o que há de melhor e não consegue alcançar o tão esperado desenvolvimento do filho.” (POLITY – 2002)
Este modelo, encontra algumas dificuldades como preconceito dos outros alunos, pais e profissionais; sociabilidade dificultada ou mesmo impedida de acontecer; pouco atendimento diferenciado, pessoas pouco habilitadas para lidar com as diferenças e/ou dificuldades; desesperança aprendida, conformismo do aluno e de sua família com o baixo desenvolvimento e com sua incapacidade frente ao grupo.
O próprio grupo de inserção pode criar dificuldades para esses alunos, colocando-os em desvantagem, em ambientes restritivos, com discriminações discutíveis e relativos padrões de normalidade, além de desinformação sobre as demandas especiais e os direitos de seus portadores. Embora bem intencionado, este modelo pode acarretar sofrimento para o aluno (que se vê excluído e tende a abandonar suas reais possibilidades de aprendizagem) e para a família, que pode não alcançar o esperado desenvolvimento do filho. As próprias famílias e os alunos são tomados de dúvidas sobre esta proposta. As famílias dos alunos ditos “normais” demonstram atitudes que oscilam entre desconhecimento da proposta até rejeição a ela. Existe um sentimento de medo ou ansiedade diante do que a convivência com alunos com deficiência pode significar para a formação dos seus filhos, constatando-se nas escolas, um quadro de apreensão e insegurança diante do projeto político-pedagógico da educação inclusiva.
6- A REALIDADE SOCIAL COMO ELEMENTO DE INCLUSÃO.
A escola não pode mais se esquivar da realidade que se impõe. Os novos tempos trouxeram novos dados e a família nuclear (composta de pai e filhos), está rareando. Não podemos exigir comportamento eficiente sem levar em conta as questões de relacionamento afetivas e familiares, todas as questões de ordem emocional e social que interferem nesse processo, e que introduzem parâmetros de relacionamento, ética, valores, que permitem que o aluno lide com seus impulsos, suas competências e suas dificuldades, da maneira mais sadia possível, devem ser observadas na tentativa de conhecer o significado do aprender. Ao professor, é preciso oferecer uma rede de sustentação social que o integra à uma rede de apoio, que liga, articula, organiza, e o valoriza, além de atribuir significação à sua prática educacional.
Falar em rede de apoio e inserção comunitária, demanda uma mudança na maneira de pensar e de produzir conhecimento e uma disponibilidade para adotar novos paradigmas educacionais, que vêem o sujeito do conhecimento, como um articulador das relações e ainda se põe como responsável pelo caminho que toma na formação da rede de apoio. Este modelo tanto privilegia o suporte às famílias dos alunos, quanto aceita o desafio de lidar com a subjetividade, com a objetividade e com o contexto social.
Para isto é preciso refletir com as redes comprometidas com o aprender: qual a queixa, trazida pelo aluno e por sua família? Como se dá seu aprendizado? Qual a história de vida do sujeito e da família? Como reagem às necessidades e frustrações?
Os profissionais envolvidos devem se conscientizar que a luta pela inclusão e integração não se limita à escola, mas abrange toda sociedade. A sociedade deve perceber que seu papel não é restrito a achar esta luta bonita, mas deve participar para que ela realmente ocorra. Acessibilidade, interação, respeito e oportunidade de trabalho digno são fundamentais.
7- POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Não importa sobre a inclusão de qual grupo estejamos falando: negros, pobres, gordos, homossexuais, crianças, idosos, mulheres, portadores de incapacidades e deficiências físicas e mentais, etc, ou seja - a população desfavorecida economicamente ou alvo de estigmas sociais de toda ordem. Onde está esse público-alvo? Geralmente, na periferia e nas zonas rurais. O fato é que sem aumentar o nível de bem-estar para todos, é difícil melhorar as condições de vida de grupos minoritários, que ainda não tiveram acesso à sociedade.
Existem fatores que facilitam a inclusão na sociedade, alguns deles indispensáveis, que visem provisões para o bem-estar geral. Isso significa um sistema de instituições públicas protegidas por lei, supervisionadas pela política, que garanta: igualdade de todos ao serviço de saúde pública, incluindo prevenção, tratamento, assistência, reabilitação; educação obrigatória pelo menos até os 18 anos, dirigida para o potencial do indivíduo; apoio financeiro na forma de pensões, compensações e bem-estar social para os que não podem trabalhar devido à idade, doença, deficiência ou condições do mercado de trabalho; uma política de mercado de trabalho com instrumentos e programas de treinamento vocacional; treinamento e emprego; habitação segura; instalações sanitárias,etc. Além dessas provisões gerais para o bem-estar, há necessidade de políticas públicas e instrumentos políticos para investimentos em infra-estrutura, como transporte, telecomunicações, mídia e cultura, com acesso igual para todos.
A inclusão social deve se apresentar como um processo de atitudes afirmativas, públicas e privadas, no sentido de inserir, no contexto social mais amplo, todos os grupos ou populações marginalizadas historicamente em conseqüência das radicais mudanças políticas, econômicas ou tecnológicas da atualidade.
8- PROCESSOS, AVANÇOS, EXPANSÃO.
As escolas públicas enfrentam graves problemas de violência, de compreensão, por parte dos alunos, da importância do processo ensino aprendizagem e de ambiente de trabalho para professores e alunos. Estes alunos também deveriam ser incluídos na reestruturação e compreensão do papel da instituição escolar. Como incluir e integrar esses alunos, com suas deficiências e os outros alunos ditos deficientes, de forma que todos usufruam e se desenvolvam na escola? Incluir não significa simplesmente deixar que todos freqüentem a mesma sala. Usando aqui a terminologia deficiente para referir aos indivíduos cegos, surdos, mentais, físicos etc, questiono: onde, para que escola irão? Qual a distância da escola? Qual o meio de transporte disponível? As escolas devem ser preparadas quanto ao espaço físico interno para receber este seguimento da sociedade.
Outro aspecto da inclusão que vai além do âmbito interno escolar é: para que incluir? É preciso consciência de que a luta pela inclusão e integração não se limita a escola, mas a toda sociedade. A inclusão não é uma ideologia, é um tema amplo e complexo, que além de abranger diversos aspectos educacionais e sociais, faz com que nos questionemos internamente para termos uma atuação e um trabalho mais significativo. Que inclusão queremos? Cada pessoa tem sua especificidade e a radicalização pode se tornar exclusão. Conscientizar a sociedade escolar para o respeito com a diversidade e ainda, resgatar o professor como um pesquisador do desenvolvimento humano, que reflita na sua prática e tome como um desafio à diversidade humana é o caminho. Os questionamentos são técnicos, administrativos, institucionais - e a maior parte revelando dois aspectos fundamentais: a ignorância sobre as características do

público alvo a ser incluído e o preconceito gerado a partir dessa ignorância.

9- RETROSPECTIVA HISTÓRICA
Os primeiros movimentos de inclusão foram criados por pais de crianças com deficiência, dando início a uma série de ações que reivindicavam direitos a um atendimento junto à escola pública.
O conceito exclusão social veio substituir, no Brasil, a partir dos anos 80, conceitos menores e setoriais, como segregação, marginalização, discriminação, miséria, pobreza.
Organismos governamentais, organizações não-governamentais, e organizações internacionais voltadas para o desenvolvimento econômico e social, tendo em vista o avanço da globalização e do neoliberalismo, têm se preocupado com o aumento significativo de populações marginalizadas, seja pelo sub-desenvolvimento, pelo desemprego ou, ainda, vítimas de preconceito e discriminação religiosa, étnica e cultural.
Uma das dimensões do processo de inclusão social é a inclusão escolar. Nesse contexto, recebem atenção especial e integração os portadores de deficiências físicas, mentais, culturais, com um ensino voltado para a formação consciência cidadã, junto com políticas públicas e particulares de levar escolarização a todos os segmentos humanos da sociedade
A Constituição de 1988, assim como a LDB 9.394/96 destacam a importância e urgência de promover-se a inclusão educacional como elemento formador da nacionalidade. Os sistemas educacionais federais, estaduais e municipais, assim como a rede privada de escolas têm envidado esforços no sentido de operacionalizar os dispositivos legais que exigem ou amparam iniciativas no caminho da inclusão escolar. A legislação a respeito, recente e ainda pouco conhecida, coloca a questão nos termos mais amplos possíveis: “a inclusão escolar é para todos aqueles que se encontram à margem do sistema educacional, independentemente de idade, gênero, etnia, condição econômica ou social, condição física ou mental.”
A radicalidade com que a legislação contempla a inclusão escolar - principalmente quanto à população portadora de necessidades especiais (deficientes físicos e mentais) tem suscitado questionamentos da sociedade, de grupos específicos, educadores, pais e mesmo do público-alvo, sobre a forma de operacionalizar a inclusão, mesmo sendo consenso geral a sua necessidade e direito. A inclusão educacional é, certamente, o caminho definitivo para que deixemos de ser o país de maior riqueza (potencial) e, ao mesmo tempo, palco das maiores injustiças sociais da história da humanidade.
10- ESCOLA ADEQUADAMENTE ADAPTADA
A família, motivado pela busca de um atendimento escolar sofre um stress com o confronto diário da diferença entre seus filhos e os ditos normais: o medo de não ser aceito pelos outros pais, pelos colegas, pelos docentes; as expectativas que se constroem a partir das atitudes dos outros; o medo de que a inclusão acarrete perda de alguns serviços prestados à família; o receio de colocar os filhos num envolvimento que pode não estar preparado para os receber e onde, portanto estarão "menos protegidos" distancia mais muitos excluídos.
Além disso a repercussão do confronto entre a legislação educacional e estas realidades há um sentimento de incompletitude: falta tratamento médico adequado e gratuito, trabalho integrado com terapeutas, participação da sociedade, transporte e prédios públicos acessíveis, instalações adaptadas e seguras. Uma sociedade inclusiva, no verdadeiro sentido da palavra, deve fornecer serviços de assistência pessoal como um direito humano básico. O sistema de quotas manda uma mensagem errada aos deficientes, uma mensagem destrutiva para imagem e auto-estima. Algumas pessoas podem conseguir uma vaga dessa forma, mas o custo psicológico para o grupo é enorme.
A maioria dos professores já em experiência de educação inclusiva mostra níveis preocupantes de stress e se percebem, de certa forma, impotentes: falta recursos de apoio, materiais, funcionários, etc. Se já é difícil atender o aluno “tradicional”, com tantos casos em condições precárias de aprendizagem, ameaçados de fracasso e exclusão escolar, como a escola poderá dar conta da demanda extra do atendimento dos alunos com mais deficiências? Esta dúvida é um sinal evidente do despreparo das escolas para converterem o projeto da educação inclusiva em um ato operacional. Os professores julgam-se, na sua maioria, despreparados: falta-lhes a compreensão da proposta, a formação conceitual correspondente, a maestria do ponto de vista das didáticas e metodologias e as condições apropriadas de trabalho (por exemplo, uma carga horária insuficiente e/ou turmas numerosas de alunos).
11- CORRENTES TEÓRICAS
A prática pedagógica nas escolas públicas está fundamentada no materialismo histórico e dialético, tendo em Vygotsky e Wallon seus principais expoentes. Materialismo, porque somos o que as condições materiais (…) nos determinam a ser e a pensar. Histórico porque a sociedade e a política não surgem de decretos divinos nem nasce da ordem natural, mas dependem da ação concreta dos seres humanos no tempo. (Chauí, M. 1995, p. 414). O materialismo dialético se refere à realidade, habilitando a leitura dos conflitos e contradições da sociedade.
A teoria de Vygotsky (1996) entende a relação entre o desenvolvimento humano e a aprendizagem diferentemente das outras concepções. O desenvolvimento não é um processo previsível, universal ou linear, ele é construído no contexto, na interação com a aprendizagem. Ela é que promove o desenvolvimento potencial em desenvolvimento real. Ao proporcionar que o aluno, com ajuda de um adulto ou de outro aluno mais experiente, realize uma determinada atividade, estamos antecipando o seu desenvolvimento através de mediação (Zanella, 1992).
Por isso, Vygotski afirma de forma tão reiterada e enfática, que o lugar mais legítimo para todos, inclusive os com necessidades especiais, é na escola regular. A escola especial correria o risco de criar e perpetuar a cultura do déficit, em que os significados das identidades (individuais e sociais) encontram -se em um estado de acentuada difusão, ou velados por atitudes de superproteção, comiseração, rejeição, etc. Também seria inadequada a imposição de modelos, valores ou referências culturais, que não viabilizassem ao sujeito sua própria síntese cultural, num espaço amplo e democrático de intercâmbio social e cultural.
Uma segunda razão para Vygotski defender a importância da convivência social do aluno com necessidades especiais em situações de heterogeneidade e de riqueza de trocas sociais está no fundamento de sua teoria sócio-histórica. É precisamente na amplitude das relações interpsicológicas que o aluno encontrará solo fértil para o desenvolvimento das estruturas intrapsíquicas do pensamento e da linguagem. Imagine-se o que significaria a convivência predominante do aluno em situações grupais de homogeneidade, em escolas ou classes especiais, em termos da idéia acima. Possivelmente os horizontes de aprendizagem seriam tão restritos para alunos com necessidades especiais devido exatamente ao estabelecimento de círculos homogêneos de convivência escolar. A idéia da integração escolar, defendida por Vygotski, viria a prevenir tal situação.
Na escola piagetiana deve-se respeitar cada etapa do seu desenvolvimento do aluno que deve ser ensinado a observar, investigar e estabelecer relações de cooperação. Na relação professor-aluno, o primeiro como orientador, propõe situações-problema sem ensinar as soluções, respeitando as características próprias da fase evolutiva do aluno.
Segundo Silva (1993) o construtivismo piagetiano tem a pretensão de substituir a teoria social da educação, e não o faz por desconsiderar que as relações de sala de aula refletem as relações econômicas e políticas mais amplas. O construtivismo piagetiano mascara as distinções sociais, ao entender o ser humano dotado de raciocínio universal e conceber o desenvolvimento como noção natural, não ligadas a condições históricas e sociais.
Tanto o professor quanto os alunos que já dominam uma dada função são agentes de desenvolvimento dos demais, promovendo o exercício de tal função na relação, de modo que possa ser apropriada pelo aluno menos experiente. Nessa perspectiva, o erro não deve ser evitado, mas entendido como expressão de que o desenvolvimento está em processo; assim, ele deve ser corrigido sem humilhar o aluno. (Oliveira, 1997; Vygotsky, 1993).
O aluno precisa aprender a conviver com a diferença sem segregar, crescendo com o conflito e o intercâmbio, tornando-se um ser humano com múltiplas dimensões trabalhadas na totalidade (Oliveira, 1984). A crítica se estende à psicologia construtivista de Piaget que considera a interação entre o biológico e o social, mas prioriza a maturação, entendendo que a aprendizagem vem com desenvolvimento, compreendendo o sujeito como universal, inserido em uma sociedade estruturada harmonicamente. A abordagem concreta e multidimensional de Vygotsky e Wallon se diferencia das demais psicologias, que concebem o ser humano de modo abstrato e idealista, explicando o comportamento humano a partir de uma dimensão: o inconsciente para Freud, a inteligência para Piaget e o comportamento para Skinner.
Maraschin crê que o trabalho será desenvolvido de modo a levar os alunos a uma participação efetiva no processo de ensinar/aprendizagem. Junto às aulas teóricas os alunos realizarão trabalho de campo junto a alunos com trajetórias de fracasso escolar, identificadas com “dificuldades de aprendizagem”. Buscarão, a partir da investigação das redes de relações sociais que o aluno se insere, compreender os aspectos que promovem e mantém essa condição e possíveis movimentos em direção a uma nova trajetória. Deve ser registrado o fracasso escolar, distúrbios de aprendizagem, implicações educacionais, as emoções no processo de aprendizagem.







VII- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• XX Congresso Nacional das APAEs, I fórum, Nacional das APAES: As Apaes e o novo milênio – Passaporte para a cidadania (pp. 247-270). Brasília: Federação nacional das Apaes, 2001
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• BEYER, H. O . Educação especial: Uma reflexão sobre paradigmas. In: Reflexão e ação. Santa Cruz do Sul: Unisc, v. 6, nº 2, jul/dez 1998, p. 9-22.
• BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
• DANTAS, Heloysa. Do ato motor ao ato mental: a gênese da inteligência segundo Wallon in: LA TAILLE, Yves de & OLIVEIRA, Marta Kohl & DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo.Summus,1992.
• FREITAS, S. N. Formação de Professores: Interfaces entre educação e a educação especial. In: E. G. Mendes, M. A. Almeida e L. C. A Wiliams (Orgs). Temas em Educação Especial: Tendências
• GENTILI, P. (org.). Pedagogia da Exclusão - crítica ao neoliberalismo em educação. 7.ed.Petrópolis: Vozes, 1998.
• GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
• GOULART, Iris B. Políticas Públicas de Qualidade: o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE). In: Minas Gerais. Escola Pública de qualidade: O Plano de Desenvolvimento da Escola. Belo Horizonte, 1998.
• LA TAILLE, Yves de. & OLIVEIRA, Marta Kohl de & DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky, Wallon teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo, Summus, 1992.
• OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky, aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo, Scipione, 1997.
• PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento & aprendizagem em Piaget e Vygotsky (a relevância do social). São Paulo, Plexus, 1994.
• POLITY, Elizabeth. Dificuldade de aprendizagem e família: construindo novas narrativas. São Paulo, Editora Vetor, 2001.
• SASSAKI, Ricardo. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos.
Rio de Janeiro, WVA, 1997.
• SAVIANI, D.(1985) As teorias da educação e o problema da marginalidade Em: Saviani, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, p. 07-39.
• SAVIANI, Nereide. Saber escolar, currículo e didática. Campinas, Autores Associados, 1995.
• VIGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. São Paulo. Martins Fontes, 1991.
• VYGOTSKI, L.S. (1984) “O papel do brinquedo no desenvolvimento”. Em: A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes.
• WALLON, H. Origem do Pensamento na Criança. São Paulo: Manole, 1992.
IX - CRONOGRAMA
Cronograma Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Levantamento bibliográfico X X X
Pressupostos teóricos X X X
Procedimentos da pesquisa X X X X X X
Procedimentos da Análise X X X X
Revisão, digitação, capa X

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